
O Programa de Pós-Graduação e a Graduação em Psicologia da Universidade Estadual Paulista, campus de Assis, em parceria com diversas entidades, instituições e coletivos está organizando o I Simpósio Internacional de Psicologia: Interseccionalidades na América Latina, que se realizará de 06 a 10 de novembro de 2023, na FCL “Julio de Mesquita Filho”, UNESP, Campus de Assis. O tema geral do Simpósio: "A relevância das interseccionalidades na pesquisa, teoria, ética e práxispsicológica” tendo como objetivo problematizar oportunizar a produção de sentidos às práxis da Psicologia e do ser acadêmico e profissional desta área, que possibilitem a superação de saberes e fazeres acríticos, ahistóricos e associais. Bem como, apontar a necessidade de rever-nos enquanto ciência e profissão, e, para isso, acreditamos ser imprescindível que nos voltemos continuamente à nossa história, pois é a partir dela que decidimos para onde vamos seguir. Assim, este evento tem por finalidade incluir na discussão sobre as violências estruturais o contexto socioeconômico de exploração capitalista que naturaliza a fetichização, a mercantilização, a objetificação da natureza, ou antes, do planeta, da subjetividade. Afinal, acreditamos e lutamos por uma Psicologia que pensa conjuntamente patriarcado, Estado e capital, justiça reprodutiva, justiça ambiental e crítica a indústria farmacêutica, visa direito dos imigrantes e refugiado, luta pelo fim do feminicídio, luta frente a descriminalização das drogas, contra o encarceramento em massa. Um olhar multidimensional permite evitar uma hierarquização das lutas fundada em uma escola de urgência cuja estrutura geralmente permanece ditada por preconceitos.
Desde o surgimento do conceito interseccionalidades trazido pela advogada e feminista negra Kimberlé Crenshaw (1989), observamos disputas teóricas no meio acadêmico às quais se juntaram os aportes decoloniais, contrários aos essencialismos. Concomitante ao contexto destas discussões, seguiram-se as lutas e resistências empreendidas pelos movimentos de populações mais vulneráveis e marginalizadas que questionavam, com veemência e precisão, as múltiplas violências e exclusões sofridas decorrentes dos efeitos de séculos de supremacia epistemológica cisgênera, branca, heteronormativa e colonial. A partir da década de 1960, novas epistemes trazidas pelos Estudos LGBTQIAP+, Feministas, Decoloniais e latino-americanos, a partir dos quais, as identidades devem ser compreendidas em suas multiplicidades geopolíticas e seus marcadores sociais de diferença interseccionados, vimos surgir a necessidade de repensarmos os paradigmas teóricos e metodológicos da Psicologia em seus mais diversos eixos de atuação social: saúde, trabalho, educação, políticas públicas, enfrentamento às violências, dentre outros. Assim, este evento tem como finalidade trazer pessoas referências da psicologia e de diversas outras áreas do conhecimento (movimentos sociais, antropologia, sociologia, artes, economia, direito) para dialogarem e refletirem sobre os modos de lidar, teorizar e refletir sobre a Psicologia. Isso se faz necessário para a efetivação de reflexões e procedimentos que contemplem alianças para a erradicação de violências estruturais tais como as de gêneros e de orientação sexual dirigidas contra às mulheres cis, a LGBTQIAP+fobia, o Racismo, o Capacitismo, a Xenofobia, o Etarismo, presentes nas experiências de sofrimento psíquico encontradas nos vários eixos de atuação do profissional da Psicologia.
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