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Faculdade de Medicina
XXXII Jornada de Filosofia e Teoria das Ciências Humanas e XII Encontro de Pesquisa na Pós-Graduação em Filosofia da UNESP: Fake News, emoções e ação em tempos de pandemia :::
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Trabalho N.º 34069
Autor: REGIS MARTINS
Categoria: Oral
Título: DISSEMINAÇÃO DE FAKE NEWS NO COTIDIANO.
Tema: Fake News, informação e comunicação
Resumo: Diante da imensa produção de dados e informações no contexto da sociedade atual, no âmbito científico e tecnológico, chegamos a seguinte problemática: como lidar com a disseminação de notícias falsas no cotidiano? O presente trabalho apresenta: definição do que venha a ser fake news, desinformação e pós verdade, como lidar com este verdadeiro arsenal de guerra em matéria de informação pois, as notícias falsas perturbam o nosso psicológico cotidianamente e como reconhecer uma notícia falsa. Notícias falsas sempre existiram: da Idade Média, quando um jornalista de nome Pietro Aretino difamava diariamente quaisquer um dos cardeais candidatos a papa, transcorrendo pela Primeira Guerra Mundial, quando o uso inovador de propaganda foi utilizada por todos os envolvidos, atravessando a Guerra Fria entre Estados Unidos e a então União Soviética, chegando aos dias presentes com a utilização massiva de notícias falsas nas eleições estadunidenses de 2016 e brasileiras 2018, informação e desinformação estão no nosso cotidiano. Como explicitado acima, se notícias falsas sempre existiram, o que difere as notícias falsas de outrora para os dias atuais? Em tempos de avanços científicos e tecnológicos na área de informação e comunicação, como a revolução da internet e a explosão das mídias sociais, disseminar informações equivocadas, errôneas e falsas nunca foi ao mesmo tempo tão fácil, prático e rápido. E por que isso ocorre? Em função principalmente da utilização dos algoritmos (que nada mais são do que "robôs espiões" que de maneira automática detectam quais são os resultados de página que melhor correspondem ao que o usuário busca e listá-los de acordo com suas predileções), pelas plataformas digitais, que podem ser traduzidos como um modelo de negócio que funcionam por meio de tecnologias pois, no próprio ambiente online se propicia o encontro do usuário que se conecta (consumidor de informação) com o produtor de informação, permitindo desta forma uma relação de troca, muito além de compra e venda. Esses robôs, possuem a função de "facilitar" a vida do usuário e levar até ele informações que lhes são mais agradáveis de acordo com sua ideologia política, cultura, social ou religiosa. As informações chegam até esse usuário de forma personalizada porque, ao aceitar os termos de uso da plataforma digital na qual o usuário está conectado ele autoriza, sem conhecimento prévio, que esses "programas espiões" coletem informações pessoais sobre ele e repassem a outras plataformas dados sobre os gostos e interesses dele, inclusive no que diz respeito aos anúncios de propaganda que também são exibidos de forma personalizada. Desta forma o usuário é bombardeado por uma produção desenfreada de informação, sendo que em muitos casos, essa informação é produzida de forma desnecessária e acaba impactando de forma negativa em seu cotidiano, nesse sentido, podemos citar: 1)- Desinformação: Podemos compreender desinformação como uma informação totalmente desconexa com a realidade, que possui aspectos de notícia verdadeira, mas que encerra como objetivo único a distorção de fatos verídicos. A desinformação é uma informação falsa, imprecisa, enganosa, que de maneira proposital é disseminada com o desígnio de produzir prejuízo a algo ou alguém. Essas manipulações de informações geram gradações negativas e são constituídas de precisas ações de convencimento direcionadas aos receptores das respectivas informações. A fórmula para criar uma notícia falsa se completa quando todos os ingredientes dos argumentos falaciosos se encontram presentes a partir de uma miscelânea de informações verdadeiras e falsas, umas servindo para validação das outras. As informações falsas se tornam mais confiáveis na medida em que o contexto da recepção se presta a isso. Como dito anteriormente a desinformação é criada para manipulação da opinião pública, podendo prejudicar uma pessoa e/ou determinados grupo sociais, organizações ou países. O interessante é notar que tais informações são chanceladas através da utilização de alguns dados verdadeiros que atribuem a estas informações aspectos de veracidade e legitimidade. O receptor convencido de sua autenticidade pode passar a disseminá-las, fato que também pode ocorrer com fake news e a criação de pós verdades. 2)- Fake news: A concepção de fake news como a conhecemos hoje, surgiu e angariou grande popularidade a partir das eleições presidenciais norte americanas do ano de 2016. Durante as quais houve disputa acirrada entre os então candidatos Donald Trump e Hillary Clinton. Boatos foram espalhados contra e a favor dos candidatos através, principalmente, da utilização de redes sociais, tais como, facebook, twitter, instagram e snapchat. Após estas eleições presidenciais as fake news motivaram diversos estudos e questionamentos a respeito da influência que tais notícias produziram no resultado das eleições estadunidenses. Podemos ainda contextualizar a fake news como a disseminação massiva de informações falsas, por parte de determinados grupos políticos, econômicos, religiosos e/ou militares, que são organizados profissionalmente (estruturas formais) e financiados por uma ou mais pessoas, com a finalidade de atuar nas redes sociais e em outras plataformas para impulsionarem este tipo de informações. 3)- Pós Verdade: Há a disseminação de informações errôneas com apelos emocionais e crenças individuais, que têm o poder de fazer com que tais sentimentos prevaleçam sobre dados factíveis e científicos. Já no que diz respeito ao que vem a ser pós verdade podemos afirmar que a expressão tem o sentido de superação da verdade. A pós verdade faz com que a verdade deixe de ser relevante para o receptor fazendo com que este atribua maior credibilidade a crenças e valores pessoais. A pós-verdade seria uma reação da população em relação à classe política, aos meios de comunicações oficiais e à própria ciência, em que se faz prevalecer a emoção, as crenças e as ideologias sobre os fatos objetivos. O prefixo "pós" significa que a verdade ficou para trás, ou seja, não interessa mais a sua busca. Assim, há a perda de nexo ou vínculo com o factual, porém isso não quer dizer que pós-verdade é uma simples mentira, mas sim uma escolha individual dentre várias informações daquela que mais aprouver ao indivíduo, segundo seu universo. Dessa forma, os indivíduos receptores da informação possuem condições tecnológicas, cognitivas e culturais para optar por saberem a verdade, mas preferem acreditar em informações que ativam suas crenças pessoais, mesmo que reconhecidamente tais informações possam não ser totalmente verdadeiras. Ou seja, a maioria das pessoas possui, atualmente, condições de checagens de notícias (verdadeiras ou falsas), mas podem simplesmente não as fazerem. Por exemplo, caso uma pessoa não goste de determinado político e receba informações através de grupos de plataformas digitais como whatsapp, facebook ou outras mídias, de que este político possua um imóvel na Europa, ela tem a opção de checar se tal dado é falso ou verdadeiro, mas acaba não realizando tal checagem, por não simpatizar com o político, e simplesmente acredita e realiza a disseminação da informação para outros grupos. Dessa forma, o que se percebe com a pós-verdade é um movimento de recusa da verdade em prol de interesses, desejos e crenças pessoais. Devido à pandemia provocada pelo COVID-19 e devido ao isolamento social e por motivos educacionais ou laborais, as pessoas estão em home office e passando a maior parte do tempo conectada em celulares, tablets ou computadores, fator esse, preponderante à disseminação de notícias falsas, que são elaboradas de forma proposital, utilizadas estrategicamente para atingir as emoções dos usuários, pois os títulos dos sites ou notícias que circulam em aplicativos são sedutores, enganosos ou violentos, utilizando-se quase sempre de expressões que mexem com a emoção do usuário como por exemplo: "Vergonhoso", "Vocês ficarão chocados", "Péssima Notícia", o site ao divulgar a manchete, faz um apelo a emoção do indivíduo, muitas vezes negativas e após a divulgação, convida o usuário à participação: "Dê ampla divulgação", "Faça circular", porque as notícias, com manchetes apelativas garantem maior participação do usuário, por isso o sucesso das fake news. O indivíduo terá que ser hábil para controlar os seus sentimentos diante de uma notícia apelativa, pois o advento das redes sociais, transformou a forma de comunicação no cotidiano, antes, compartilhávamos notícias com a roda de amigos, hoje, com a internet e outros meios tecnológicos, essas informações rodam o mundo. Diante de inúmeras informações disponibilizadas aos indivíduos cotidianamente, a palavra que surge como norte ante a disseminação de informações falsas é a criticidade, ou seja, habilidade para ser crítico em relação às mensagens, anúncios e informações recebidas. Sendo que, a identificação de notícias falsas perpassa pelos seguintes elementos de avaliação: 1) leitura das notícias em sua totalidade; 2) averiguações de informações demasiadamente alarmistas e contextualmente vagas (sejam veiculadas em sites, aplicativos, ou em redes sociais); 3) verificação dos disseminadores das informações, sejam eles, pessoas físicas ou jurídicas (observando que o disseminador de notícias falsas pode ser alguém próximo ao receptor); 4) as fontes das notícias devem ser invariavelmente consultadas pelo receptor das informações. O direito à informação, é direito fundamental humano e legitimador do Estado Democrático de Direito. A busca pela informação de qualidade e o combate à desinformação, à fake news e à pós verdade são elementos consubstanciadores da democracia e deve ser estimulada na generalidade de nossas instâncias políticas, sociais e econômicas enquanto garantia democrática. Palavras-chave: (Fake news; Desinformação, Pós verdade).
Período da apresentação: Matutino.
Palavras Chave: Fake news; Desinformação, Pós verdade
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